This blog homages the Dr. Giorgio Guberti, our mester, teacher and friend.
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BANDIERA DELLA ITALIA

BANDIERA DELLA ITALIA
HOMENAGE DR, GIORGIO GUBERTI

'' DR : GIORGIO GUBERTI CON FAUNO DEL VENTO ''

''  DR :  GIORGIO  GUBERTI  CON FAUNO DEL VENTO  ''
POINTER CLUB ITALIA -FOTO DU MAS DU ZOUAVE

PROCESO CONTINUA 19 DE NOVEMBRO

PROCESO CONTINUA  19 DE NOVEMBRO
ATUALIDADE POLEMICO JUIZIO

ARMANDO SUAREZ Y ASSO DEL VENTO

ARMANDO SUAREZ  Y ASSO DEL VENTO
ALLEVAMENTO DEL VENTO

'' CAMPOS PARA FIELD TRIAL SUD AMERICA ''

''  CAMPOS PARA  FIELD  TRIAL    SUD  AMERICA ''
FOTO - BLOG DEL VENTO

DR : GIORGIO GUBERTI CON TORNADO DEL VENTO ''

DR :  GIORGIO GUBERTI  CON  TORNADO DEL VENTO ''
FOTO - BRASEN, SE

HUNTING FIELD - FAUNA CINEGETICA

HUNTING  FIELD - FAUNA   CINEGETICA
FOTO MAURO, PARA BLOG DEL VENTO

DR : GIORGIO GUBERTI CON TORNADO DE L VENTO

DR :  GIORGIO  GUBERTI  CON  TORNADO DE L VENTO
FOTO CONTI - ITALIA

'' ALLEVAMENTO DEL VENTO - DR, GIORGIO GUBERTI

'' ALLEVAMENTO DEL VENTO - DR,  GIORGIO  GUBERTI
FOTO - ARMANDO SUAREZ

'' ASSO DE VENTO , PROP DO, GIORGIO GUBERTI ''

''  ASSO DE VENTO , PROP  DO, GIORGIO   GUBERTI ''
RAVENNA ITALIA -FOTO NOTIPOINTER FRANCES

'' ALLEVAMENTO DEL VENTO - DR , GIORGIO GUBERTI

'' ALLEVAMENTO DEL VENTO  -   DR ,  GIORGIO GUBERTI
FOTO ARMANDO SUAREZ

GADO ARGENTINO - CAMPOS DE PASTURA

GADO  ARGENTINO -  CAMPOS  DE PASTURA
GANADO ARGENTINO

'' FANTASTICO CANIL DEL VENTO - ITALIA

'' FANTASTICO CANIL DEL VENTO - ITALIA
LOS MEJORES POINTERS INGLESES DEL MUNDO

DR : GIORGIO GUBERTI CON TARTARO DEL VENTO

DR :  GIORGIO GUBERTI CON  TARTARO DEL VENTO
FOTO - DU MAS DU ZOUAVE

RIALTO DEL VENTO - DR, GIORGIO GUBERTI

RIALTO  DEL VENTO - DR,  GIORGIO  GUBERTI
FOTO - GINOS MINAS

DR , GIORGIO GUBERTI - RAVENA ITALIA

DR ,  GIORGIO GUBERTI - RAVENA  ITALIA
FOTO - ARMANDO SUAREZ

RUDY LOMBARDI, ARMANDO SUAREZ , DR, GIORGIO GUBERTI

RUDY LOMBARDI, ARMANDO SUAREZ ,  DR, GIORGIO GUBERTI
FOTO ARMANDO SUAREZ

CAMPOS DE CAZA, CAÇA,HUNTING FIELD , ARGENTINA

CAMPOS DE CAZA, CAÇA,HUNTING FIELD , ARGENTINA
FOTO, PARA BLOG DEL VENTO

DEL VENTO - DR, GIORGIO GUBERTI

DEL VENTO - DR,  GIORGIO  GUBERTI
FOTO ARMANDO SUAREZ

GANADERIA ARGENTINA

GANADERIA  ARGENTINA
GALVEZ SANTA FE

DR ; GIORGIO GUBERTI - RAVENA ITALIA

DR ;  GIORGIO  GUBERTI - RAVENA  ITALIA
FOTO, ARMANDO SUAREZ

'' TARTARO DEL VENTO ''

''  TARTARO DEL VENTO  ''
FOTO - BRASE, SE

ALLEVAMENTO DEL VENTO - FAUNO DEL VENTO

ALLEVAMENTO DEL VENTO - FAUNO DEL  VENTO
FOTO - ARMANDO SUAREZ

DR . GIORGIO GUBERTI - FOTO FRANCIA

DR .  GIORGIO  GUBERTI - FOTO  FRANCIA
FOTO - DU MAS DU ZOUAVE

DOS POINTERS '' DEL VENTO ''

DOS POINTERS   '' DEL VENTO  ''
CANIL DEL VENTO, DEL DR GUBERTI

DR , GIORGIO GUBERTI AL LAVORO COM '' VUDU DEL VENTO ''

DR ,  GIORGIO GUBERTI  AL LAVORO COM ''  VUDU DEL VENTO  ''
FOTO ARMANDO SUAREZ

DR. GIORGIO GUBERTI CON CARRIDI DEL VENTO

DR. GIORGIO GUBERTI  CON  CARRIDI DEL VENTO
CARIDDI DEL VENTO

ARMANDO SUAREZ , CON VUDU Y FAUNO DEL VENTO

ARMANDO SUAREZ , CON VUDU  Y FAUNO DEL VENTO
FOTO - ARMANDO SUAREZ

CAMPOS DE CAÇA - HUNTING FIELD

CAMPOS  DE CAÇA -  HUNTING  FIELD
ESPECIAL FIELD TRIAL

CANIL DEL VENTO - ARDITO DEL VENTO

CANIL DEL VENTO -  ARDITO DEL VENTO
FOTO - GINO MINAS

PARRILLA ARGENTINA

PARRILLA  ARGENTINA
SANTA FE

DEL VENTO - DR, GIORGIO GUBERTI

DEL VENTO -  DR,  GIORGIO GUBERTI

BATENDO EM QUEM NAO PODE SE DESFENDER

BATENDO EM QUEM NAO PODE SE DESFENDER
DR. GIORGIO GUBERTI

LE LLEVARON LOS POINTERS, AHORA VENDRAN POR LA CASA, EL AUTO Y LA PROPIEDAD

LE LLEVARON LOS POINTERS, AHORA VENDRAN POR LA CASA, EL AUTO Y LA PROPIEDAD
INSACIABLES ROMANOS

LLEVEMOS LOS SANO !..... DEJEMOS LOS ENFERMOS

LLEVEMOS LOS SANO !.....  DEJEMOS  LOS  ENFERMOS
LLEVANDO SIN PAGAR , LA MEJOR GENETICA DE ITALIA ....

ROMANOS NUNCA CONOCERAN LA PIEDAD

ROMANOS  NUNCA CONOCERAN  LA PIEDAD
DESTRUIR UN HOMBRE DE 85 AÑO, QUE HASAÑA

DR, LA LUCCHA CONTINUA

DR,  LA  LUCCHA CONTINUA
DEL VENTO

ALLEVAMENTO DEL VENTO

ALLEVAMENTO DEL VENTO
DR. GIORGIO GUBERTI

DR, GIORGIO GUBERTI CON UN AMIGO

DR, GIORGIO GUBERTI CON UN AMIGO
KEOPE DEL VENTO. MALEVENTUMPOINTERS

SOUTH AMERICA - LACET POINTERS 150 Km x 150 km

SOUTH AMERICA -  LACET  POINTERS  150 Km  x  150 km
CAMPOS PARA POINTERS VELOCE , PIU VELOCE

FUEGO DEL VENTO . GIORGIO GUBERTI

FUEGO DEL VENTO . GIORGIO GUBERTI
ALLEVAMENTO DEL VENTO

QUEBRACHO

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TRENO

treino

grey train

TARANTELA


Senhores.
Peço licença para sair do nosso tema favorito que é o esporte da caça, e defender um amigo que injustamente esta sendo incriminado por '' ONGs '' que defendem os direitos dos animais, no qual o lema e '' animal liberation '' da Itália, logicamente é mais fácil de se falar e condenar um criador de pointers de 80 anos do que criticar o governo do atual presidente desse país.
O pior inimigo que temos é a distancia, de não ser assim muitos poderíamos estar do lado do Dr. Guberti, neste momento difícil. Quem temos conhecimento de Direito poderíamos ajudar, mas estamos muito longe. O vídeo que se encontra no blog com o nome de '' álbum do terror '' recebi de argentina ontem, dia 09/01/2009, enviado por um insano que quer menosprezar o canil '' Del vento '' com as palavras ''a grande seleção''.
Compreendo que este ignorante está dominado pela inveja e a certeza de que nunca poderá ter um ''pointer Del vento'' e muito menos se aproximar de ter um grande trialler de alta linhagem. Devendo se conformar com o que algum amigo pode lhe obsequiar, que com certeza será um refugo de alguma casual ninhada. Estou convencido que a resposta a este cretino que receberia do Dr. Guberti seria, os que me criticam o fazem por inveja, e tem a certeza que nunca me superaram e convivem com a frustração de saber que jamais me superarão.
Aos 80 anos o Dr. Guberti tem colocado o '’pointer'' no mais alto degrau nas competições no mundo todo. A sua genética, muita vezes criticada, continua sendo aproveitada por todos os países que praticam o esporte da caça e competição. Pouquíssimos criadores têm condições econômicas para comprar um pointer Del vento por cinco ou dez mil euros. Por isso a crítica maléfica é o único consolo para os invejosos. Aqueles que conhecemos o canil ''Del vento'' e o Dr. Guberti sabemos que as fotos publicadas no vídeo fogem da realidade.
A mulher que o publicou admite ter recebido as fotos, e isso constata que ela não esteve no canil. Eu assisti mais de 20 vezes o vídeo '’álbum do terror'' e contei 10 vezes a imagem do mesmo pointer que com certeza é um cão muito querido e velho do Dr. Guberti, pelo qual não quer sacrificar, preferindo vê-lo morrer quando chegar a sua hora. Nada custaria sacrificá-lo, tendo em conta que o Dr. Guberti é veterinário. As imagens que são mostradas são de carcaças de carneiros e coelhos, já que o Dr. Guberti é proprietário de um abatedouro de coelhos e alimenta seus 200 ou 300 pointers, unicamente com vísceras e carne de coelho.
Alguns inteiros como demonstram as imagens, também podemos ver repetidas vezes a imagem de um cão que tem uma mancha circular cheirando o solo. E as últimas imagens são de dois cães brancos e laranja que tem um ferimento na testa de uma provável mordida, mesmo que tenho as minhas dúvidas que estas imagens sejam do mesmo canil. Como podemos ver, entre 300 cães, somente uma media dúzia apresentam algum sintoma de doença ou desnutrição, o resto está maravilhosamente saudável. Mantendo o temperamento, forte estrutura e pelagem limpa e sadia, ao igual que os filhotes que estão em um canil individual, gordos e bonitos. Eu inseri outro vídeo do canil com o nome de ''batalha vencida'' postado por outro ambientalista desinformado. Este vídeo já foi copiado por nós e contradiz o vídeo ''álbum do terror'' mostrando típicos, sadios e fortes pointers de competição em um grande pátio, logicamente alagados após alguns dias de chuva. Este problema poderá ser solucionado com duas ou três cargas de areia ou até mesmo pó de pedra.



Conclusões:

Meia dúzia de cães desnutridos não significa uma catástrofe para um criador que tem 200 ou 300 cães bem alimentados.

Eu estive no canil e sei que os pointers ‘’Del vento’’ são alimentado com proteínas animal pura. Nunca na minha vida observei pointers com maior disposição e temperamento para caçar. Na minha visita ao canil ''Del vento'', o Dr. Guberti fez questão de me mostrar alguns pointers no campo trabalhando, junto com dois amigos dele (como mostram as fotos no blog). Ele levou 4 cães, foi pegando de a um, foi fácil porque estavam todos em volta de nós querendo pular, movendo o rabo mostrando muita alegria para sair a trabalhar.

O Dr. Guberti, com uma toalha seca foi limpando cada cão com movimentos rápidos somente para tirar o pó, antes de colocá-los dentro da camionete. O pêlo fosco automaticamente tomou brilho como um sapato novo, nunca tinha visto um pelo tão saudável. Entre os cães que ele levou foram Vudu Del Vento e Fauno Del Vento, este ultimo com 11 anos.

Guardo as imagens destes pointers correndo a toda velocidade ainda na minha memória, o campo de treino era um rastrojo de trigo e no meio do campo tinha uma valeta de quatro metros de largura por um metro de profundidade, que fazia parte do terreno para evitar a erupção. Os pointers foram soltos um a um, começaram trabalhando em leque a uma grande velocidade demonstrando muita tipicidade e harmonia de movimento, atentos ao condutor, a seus gestos e ao som do apito.

O que mais me surpreendeu foi que ao chegar à valeta, em vez de parar e atravessar caminhando eles a pulavam caindo parados do outro lado e continuavam a sua desenfreada corrida à procura da caça, algo inesquecível que perdurará na minha memória até meus últimos dias. Compreendo que toda esta situação poderia ter sido evitada mantendo os canis, pátios, comedouros higienizados, mas a filosofia de vida das pessoas é difícil de alterar.

Mesmo assim, a solução do problema está nas mãos do Dr. Guberti, que com certeza com dois galões de tinta e uma profunda limpeza nos canis, pátios, etc e o atendimento aos cães debilitados poderá superar este obstáculo e continuar criando campeões de alta genealogia como ninguém jamais o fez e com toda certeza ninguém jamais o fará. Se nos momentos difíceis não podemos contar com a mão esticada de um amigo e um braço forte para nos segurar, independendo da distância, para que queremos ter amigos? Quem a passado por este mundo sem ter amigos não ha sentido o prazer de viver. Agradeço pela atenção e mantenhamos alta a bandeira da liberdade, que a todo custo nos querem tomar, nossos governos, os estrangeiros e agora as ONGs. Somente pensam em proibir, intervir e dominar. Abraço. Atenciosamente, Armando Suárez.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Maitê Proença


Os Homens

Recentemente, em um programa Saia Justa, no meio de uma discussão sobre o macho moderno, me pus a defender a caça. Disse, basicamente que nós mulheres ganhamos tanto espaço nas últimas décadas - espaços que foram, desde sempre, redutos dos homens – e que enquanto avançávamos, os rapazes ficaram olhando perplexos esperando que aquilo fosse uma marola ao invés do grande movimento transformador de hábitos que virou. E que agora os pobres estão tontos sem ter onde manifestar sua masculinidade, não tem mulher para detonar, não têm boi para laçar, não há duelos de morte, não se enfrenta um javali para o sustento da família.
Assim, defendi a idéia de que se os rapazes empreendessem a caça -, que é esporte de homens, faria-lhes bem ao instinto frustrado, a todo esse lado primitivo primordial deprimido. E aí soltei a frase, "Se o desorientado do Bush caçasse, não teria invadido o Iraque". Pronto! Todas as sociedades de proteção aos animais, dos carrapatos até aos unicórnios, estão em cima de mim. Gente que possivelmente aprecia uma picanha, um franguinho de granja, um robalo asfixiado aos poucos nas redes de pescadores.

Pois vamos lá. A caça, antes de ser um esporte ou distração, foi sempre uma atividade milenar do homem. Uma atividade econômica e de sobrevivência. O homem foi caçador, antes de ser agricultor ou criador de gado. Nas tribos primitivas da Amazônia, os índios vivem ainda hoje sobretudo da caça e da pesca, e toda a organização econômica, social e política deles está feita em torno disso. O homem caça para dar de comer à família e fazendo o que todos os outros animais fazem na Natureza. Como disse Woody Allen, "a natureza é um imenso supermercado onde se caçam todos uns aos outros".

É claro que, com o tempo e nos países desenvolvidos, a caça deixou de representar uma necessidade econômica, para passar a ser uma forma de lazer, embora, mesmo em regiões da Europa, ela ainda represente um importante complemento alimentar. Mas o fato de a caça ter se tornado um esporte e não mais uma necessidade evidente, não faz com que os cromossomos do caçador se tenham extinto, assim como não apaga o ato cultural que a caça representa. Só aqueles que nasceram, cresceram e vivem nas cidades, aqueles que não sabem como funciona a natureza, o campo e o mato, é que não conseguem entender a íntima relação que existe entre a natureza e a caça.

A história da pintura, da literatura, da música, da escultura está repleta de exemplos de histórias ambientadas na caça - Picasso e Hemingway, para não ir mais longe. Picasso manteve, a propósito, uma polêmica pública com o filósofo espanhol Ortega Y Gasset, que era adversário da caça, com os argumentos clássicos da brutalidade e ect. Anos depois e após ter decidido estudar a sério o assunto, Gasset escreveu um livro em que se retratava, "Sobre a caça e os touros".

O que mudou ao longo dos tempos, e com o fim da necessidade econômica da caça, foi a necessidade de ela deixar de ser um "bem livre" e ter de passar a ser organizada. Não conheço o funcionamento da coisa em nosso país, mas na Europa, que pode nos servir de modelo, aonde já participei de caçadas, a caça desportiva é uma atividade economicamente relevante, sobretudo para as populações rurais, dando-lhes emprego, fixando-as nos campos, forçando-as a manter a agricultura (porque só há caça onde houver agricultura e sementeiras para as aves e outros animais se alimentarem). Há, para além da agricultura em função da caça, dos guardas-florestais, dos "batedores" e todos os outros que trabalham diretamente numa caçada, uma infinidade de pequenos hotéis, restaurantes e lojas de província que vivem da passagem dos caçadores e que, se isso acabar, estão condenados a abandonar as terras e ir procurar emprego na periferia das grandes cidades - cada vez mais desumanizadas e inabitáveis.

Por isso, porque se tornou uma atividade econômica importante, a caça está hoje organizada em toda a Europa. Não apenas o interessado tem de ter licenças e passar exames para poder se tornar caçador, como também é responsável pela própria existência de caça: ou criando-a diretamente ou pagando a quem o faz. Isto implica tratar do terreno da caça, limpa-lo, cuidá-lo, semeá-lo, fazer comedouros e bebedouros para os bichos e controlar a sua existência, de uma época para a outra. O sujeito não mata o que quer, mas o que pode: é o dono ou o grupo de caçadores que explora um terreno que determina, em cada ano, qual o limite de cada espécie que se pode caçar, sob pena de essa espécie se poder extinguir no ano seguinte. Porque a regra essencial é manter o equilíbrio entre as espécies.

Mesmo a caça grossa da África, que tanta impressão faz às pessoas obedece a estas regras: organização, controle das espécies, rentabilidade econômica para as populações locais. Ao contrário do que alguns julgam, não é qualquer um que pode ir matar um elefante na África. Primeiro, tem de se inscrever numa organização de caça local e comprar a respectiva licença, que anda em torno de 8.000 dólares por elefante - mais as despesas com a estada, os extras, ect. Depois, não mata o que quer, mas sim o elefante que as autoridades locais selecionaram - sempre um macho, já velho e fora da manada.

E esta é a maneira civilizada de controlar a espécie, não deixando matar de mais, mas matando o necessário para manter o equilíbrio entre as espécies e, ao mesmo tempo, fazendo disso uma atividade econômica que, em muitos casos de populações africanas, é quase a única fonte de rendimento disponível. Há alguns anos, o presidente Mugabe (que só faz asneiras e destruiu a agricultura no Zimbabwe), resolveu proibir a caça ao elefante. O resultado é que, em dois ou três anos, o excesso de elefantes começou a tornar a vida insuportável para as populações rurais, destruindo as colheitas e atacando as próprias aldeias. Então, quis atrair caçadores às pressas, mas como as organizações que o faziam haviam ido embora, teve de pedir ajuda a um organismo internacional qualquer, que veio dizimar os elefantes em excesso com uns sujeitos de helicóptero disparando balas envenenadas por cima da cabeça dos elefantes, que iriam morrer lentamente.

Ao contrário do que se pensa, o prazer da caça não está em matar. Está, acima de tudo, na fusão com a natureza, na compreensão que se redescobre de como funciona esse mundo de que tantos falam e tão poucos entendem. Perceber o que é uma linha de água, mesmo que não visível, como se deve caminhar no mato, como se faz uma emboscada, que frutos e que raízes se podem aproveitar, distinguir o canto e os hábitos dos animais, ver o estado das culturas, enfim, todo esse lado primitivo e primordial de Robinson Crusoe, que muita cultura urbana já matou dentro da grande maioria de nós - e é por isso que há crianças na cidade que não sabem que o frango tem penas, que o ovo vem da galinha e que os morangos não nascem numa árvore mas no chão. No fim de tudo, sim, resta ainda o prazer do tiro - não porque se matou, mas porque se acertou no alvo.

Mas, se isso é crueldade, eu pergunto o que será a matança doméstica do porco ou do galo à facada, ou a matança das vacas num matadouro e a morte lenta de um peixe num anzol ou asfixiado aos poucos numa rede de pesca? Será que os defensores dos animais sabem como se faz o foie-gras, como se extrai o caviar do esturjão ou, mais democraticamente, como se criam frangos num aviário? Ou será que sabem como morre uma perdiz na boca de uma raposa ou de uma águia? Eu, se fosse ave, preferia viver no mato como uma perdiz brava do que viver num aviário como um frango, e preferia morrer fulminada por um tiro do que decepada por uma guilhotina mecânica.

Ou, como reza um poema de Sophia de Mello Breyner, mãe de meu amigo e caçador Miguel Sousa Tavares:

"As pessoas sensíveis não são capazes de matar galinhas,
Porém, são capazes
De comer galinhas".

Esta é uma luta perdida, impossível vencer o politicamente correto. Mesmo assim, insisto: Cacem rapazes, exercitem instintos ancestrais, soltem seus bichos interiores à captura de outros animais. Esgotem-se nisso. Pela alegria, pelo prazer da brincadeira, pela paz!